sábado, 15 de junho de 2013


Sequência didática do texto “Meu primeiro beijo”- Antonio Barreto


*CONTEXTUALIZAÇÃO

*Leitura e análise dos quadros:

“O beijo” de August Klimt




“O beijo” de Romero Brito


*Reconhecimento do autor, seus diversos gêneros textuais e características. Contexto de produção da crônica em questão.

Fazer um questionamento a partir das imagens como:
     O que a imagem representa?
     Há uma idade certa para beijar?

Desenvolver atividade com música, poema, filme e texto narrativo envolvendo o tema “beijo”, trabalhando a intertextualidade.
     Poema e conto de Clarice Lispector  “O primeiro beijo”



Os dois murmuravam, conversavam. Tontos!
Era o amor...
A brisa fresca entra pelos cabelos longos finos, bate no rosto;
Apenas sentir, quieto, sem pensar...

A sede começara, a garganta seca;
Na boca ardente, engulia-a lentamente...
Era morna, não tirava a sede
Que lhe tomava o corpo inteiro.

Sufocava, talvez minutos, apenas,
Sua sede era de anos...

O instinto animal, a curva...
Entre arbustos e de olhos fechados, entreabriu os olhos
E colocou a boca, colada, ferozmente no orifício:
Jorrava...

Desceu, escorrendo pelo peito até a barriga,
A vida havia jorrado.
Olhou-a nua.
Estava de pé, sozinho, coração batendo fundo...

A vida era outra, era nova,
O encheu de susto e também de orgulho;
Ele se tornara homem.



Clarice Lispector o primeiro Beijo


O PRIMEIRO BEIJO

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.
- Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

- Sim, já beijei antes uma mulher.

- Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir - era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

Ele se tornara homem.

(In "Felicidade Clandestina" - Ed. Rocco - Rio de Janeiro, 1998)


Filme: Meu primeiro amor.

 Relato do filme.

Audição e leitura de músicas de estilos diferentes:
     Beijinho doce  -  Irmãs Galvão séc XIX
     Já sei namorar  - Tribalhistas    séc XX

Leitura em grupos com pesquisas de palavras desconhecidas.

Leitura compartilhada.

8º Estudo das características do gênero crônica:
·        texto curto
·        poucas personagens
·        tom leve / tom de conversa
·        aborda temas do cotidiano
·        geralmente não apresenta desfecho surpreendente.

9º Atividades:

a)      Destaque as características físicas e psicológicas das personagens.
b)      Observe o foco narrativo. Como é chamado esse tipo de narrador?
c)      Relacione o apelido da personagem masculina “ Cultura inútil” a linguagem desta personagem.
d)      Destaque as marcas de tempo com passagens do texto.
e)      Relacione o ditado popular “A primeira impressão é a que fica”. Isso se confirma no texto?
f)        Comente o desfecho do texto “... e foi ficando nisso. Normal...”

10º  Ficha de leitura:
         Título :
         Autor :
         Tema do cotidiano :
         Personagens :
         Referência bibliográfica :

11º  Conceituando os cinco elementos da narrativa:

  • personagens
  • espaço
  • tempo
  • foco narrativo
  • foco narrativo
  • enredo

12º  Reconhecimento de sinais de pontuação:
  • ponto final
  • exclamação
  • interrogação
  • aspas
  • reticências
  • dois pontos
  • travessão
13º  Selecionar alguns fragmentos do texto para o estudo dos verbos (tempo e modo).


Produção escrita para  9° Ano. Texto Narrativo

*A partir do tema “ Meu primeiro amor”, produzir em grupo com ilustração um texto narrativo.

*Produção final: confecção de livro que será doado á sala de leitura.

Produção escrita para 8° Ano Texto Prescritivo

Produção de um manual / receita do beijo

Produto final: Montar um painel ilustrativo para o Dia dos Namorados.

A pesquisa visa entender um pouco a forma de nosso jovem se relacionar socialmente e pode dar pistas de como anda o relacionamento com a família. Não gostaríamos de incentivar ou estimular uma sexualidade precoce, apenas achamos que ela está presente e que talvez seja bom um trabalho conjunto com outras áreas e com os pais desses jovens.








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